“Shopper Market com Ciência Comportamental” é o tema abordado por Phillip Adcock conduzido por Cibele Marques de Souza e João Pentagna.
Phillip explica como os consumidores pensam e toma decisões para que possamos engajá-los mais efetivamente. Escute a resenha em português a partir do 22° minuto!
Tópicos abordados neste episódio:
-A importância de utilizar as Ciências Comportamentais para desenvolver estratégias de Shopper Marketing mais eficazes;
-Como aspectos instintivos, emocionais, racionais, vieses cognitivos se relacionam no processo de tomada de decisão do shopper;
-As 5 modalidades de compra;
-A psicologia por detrás das promoções;
-Cases práticos.
TRANSCRIÇÃO
0:39
O Phillip é um grande especialista do tema na Europa, e como você deve imaginar, este é mais um convidado Internacional e este episódio será conduzido em inglês.
Como acontece os episódios de inglês na segunda parte desse podcast?
Eu e o João vamos fazer para você uma resenha em português de todo o conteúdo abordado pelo Phillip.
22:20
Phillips contou que passou 30 anos trabalhando com Ciências comportamentais estudando compradores e consumidores.
Esteve em vários programas de TV sendo entrevistado sobre o tema e escreveu 3 livros sendo um deles o Shoppology: The Science of Supermarket Shopping & a Strategy to Spend Less and Get More
Criou e vendeu em 2019 uma empresa de Pesquisa de comportamento especializada em comportamento do shopper.
23:00
Essa empresa trabalhou em 23 países e com 63% das maiores marcas varejistas do Reino Unido.
O diferencial da empresa dele é ir além do que os consumidores falam nas entrevistas em profundidade e focus groups. Eles mergulhavam dentro dos cérebros das pessoas.
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Na Neuromark vamos além do que as pessoas falam, porque a gente sabe que as pessoas efetivamente falam uma coisa e muitas vezes fazem outra, porque até porque a gente, como ser humano, muitas vezes não tem consciência daquilo que o nosso sistema um está processando.
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O que ele disse é que eles mergulhavam dentro do cérebro das pessoas.
Olha que legal essa frase.
Ele comentou que as pessoas vão sempre dizer que as escolhas acontecem por causa de preço.
E quem trabalha em vendas sabe que é sempre isso, né?
Então as pessoas falam assim, Ah, eu, eu, eu escolhi o produto a eu verso o produto b porque o produto a era mais barato.
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Mas ele afirma que não é que o que manda efetivamente são as emoções, que os humanos não são racionais e que as empresas gastam bilhões em marketing e não consideram a psicologia do consumo nas campanhas somente.
O design, a parte artística.
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E o que ele fala, e eu achei muito legal, é que ele desafia qualquer diretor de arte a explicar a psicologia em qualquer arte criada, em qualquer campanha, porque ele sabe que qualquer arte e qualquer campanha é feita pra ganhar prêmio e não pra atender a necessidades implícitas do consumidor.
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Na segunda pergunta eu fiz uma pergunta bem a respeito do desse processo de tomada de decisão de compra em um supermercado, que é o foco do estudo dele, é o foco do trabalho dele, o que ele aborda muito no livro que a Cibele citou.
Em relação aos instintos, as emoções, as razões, a aos vieses cognitivos.
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Como que esses aspectos estão relacionados nesse processo de tomada de decisão de compra num supermercado?
E ele comenta que o dentro do processo evolutivo do ser humano, a gente desenvolveu um processo cognitivo de achar uma justificativa para lutar para fugir ou para achar um parceiro, né?
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Então, o que é que ele, efetivamente ele está falando disso aí, não é?
Ele está falando dos nossos aspectos instintivos, dos nossos aspectos emocionais. E da nossa razão.
Então, no processo de compra esses aspectos se inter-relacionam.
Eles fazem parte desse processo de tomada de decisão e ele coloca que a emoção sempre tem um papel mais preponderante e depois a razão ela entra para justificar.
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Isso é um estudo da economia comportamental. O Dan Ariely fala muito sobre isso, no livro Previsivelmente Irracional.
Ele usou um exemplo para explicar, então vamos dizer que um cinto de luxo extremamente caro esteja em promoção.
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A promoção desse cinto, ele é a justificativa racional que as pessoas acham que é racional para justificar a compra dele porque, mesmo em promoção, está extremamente caro.
E ele está muito mais ligado a um símbolo de status, a um símbolo de pertencimento social que a pessoa quer ter.
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Ela quer ter algo daquela marca, porque aquela marca ali, ela faz parte de um grupo exclusivo, que são as fatores muito mais ligados à emoção e sensação de pertencimento social.
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Isso tem a ver com procurar um parceiro, do instinto nosso de reprodução.
Na verdade, ele não tem a ver com o ato sexual em si, mas muito mais com o ato de pertencimento social para se destacar. Isso é uma coisa que a gente sempre aborda nos nossos conteúdos, nas nossas aulas.
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Esses fatores de tomada de decisão, seja o instintivo, seja o emocional, seja o racional e como que ele se interrelacionam nesse processo e a forma como a ciência realmente entende, é que a gente toma decisão.
Ele aborda a respeito da nossa evolução. Que durante a nossa evolução como ser humano, a gente criou também os vieses cognitivos, que são formas de tomar decisões mais no sistema um e menos no sistema 2.
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O sistema 2, também é um é algo muito debatido no livro rápido, devagar, do Daniel kaaneman, outro clássico aí da economia comportamental.
Ele cita alguns desses vieses cognitivos que é a versão à perda, que é algo muito presente nas nossas tomadas de decisão.
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Ele comenta que a gente sente a dor da perda 2 vezes mais do que o ganho.
Seu ganho 20 dólares ou se eu perco 20 dólares. O perder 20 dólares é muito mais doloroso para o nosso cérebro do que o prazer de ganhar 20 dólares, e isso se reflete nas nossas decisões de consumo.
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Então é muito mais vantajoso você explorar, 20% de desconto.
Você mostrar que a pessoa vai é ter um saving, ter 20% de desconto do que reforçar que ela vai ganhar 20% a mais.
Às vezes você pode dar um produto com um pouco a mais de gramatura. Um 20% adicional.
28:20
Isso não é tão forte quanto você proporcionar um saving de 20%.
Outro viés cognitivo que ele usou é o FOMO que é o Fear of missing out, que é o medo de perder algo, é você usar isso em aspectos promocionais. Ele cita também que junto com a escassez, isso pode ficar muito poderoso, então você limitar algo para o consumidor.
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Ele cita até o caso do papel higiênico durante a pandemia onde a gente viveu aí o comportamento de manada, que é outro viés cognitivo. Na ocasião as pessoas só podiam comprar lá 2 pacotes de papel higiênico, e isso criou todo um comportamento de manada, junto com escassez, junto com FOMO e as pessoas compravam papel higiênico para se estocar.
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Isso é um exemplo do quão irracional a gente é, do quão previsivelmente irracionais somos.
Ele comenta que o cérebro tem cerca de 2% do peso do corpo e gasta 20% da energia das nossas atividades.
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Então se temos 2 produtos em um site, a tendência do nosso cérebro, é de escolher, dar preferência para aquele que seja mais fácil de processar, mais fácil de processar mentalmente, a informação.
Então, o que tiver com as melhores imagens, o que tiver de uma forma explicada, é o que a gente vai ter tendência a escolher.
29:47
Nunca é uma bala de prata. Importante sempre reforçar que a ciência comportamental te dá caminhos. Ela facilita o processo de tomada de decisão, porque você passa a entende-lo melhor.
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Ele salienta não só do processo cognitivo ser mais simples, mas também de expor a mensagem várias vezes.
As marcas que conseguem ter contato com o consumidor mais vezes nosso cérebro tende a dar preferência, porque vai ser mais fácil a gente resgatar da memória.
E tudo isso explica o fato de que a gente é, literalmente, previsivelmente irracional.
30:22
A gente usa de todos esses atalhos ou vieses cognitivos para tomar qualquer decisão de compra.
Isso num supermercado é muito explícito.
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Pedi para o Phillip explicar sobre as 5 modalidades de compra.
Phillip diz que muitas marcas e varejistas pensam que todos os compradores são iguais, mas não são
Essas 5 modalidades de compras não são baseadas em teoria, são baseadas em estudos de filmes feitos de centenas de milhares de Shoppers em momento de compras em lojas.
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Nesses estudos eles identificaram essas cinco modalidades e cada marca ou varejista tem que entender como seu produto/oferta se adequa para atender a esse tipo de necessidade dos compradores.
A 1° modalidade, chamada inexperiência. Se você lançar uma nova marca ou um novo produto, isso significa que os shoppers precisam de informações, você precisa educá-los. Eles precisam de tempo e precisam de espaço para conhecerem seu produto, então um dos piores locais de exposição para um novo produto é colocá-lo em uma ilha na entrada da loja. Por que? Por que geralmente é a parte mais movimentada da loja, onde as pessoas não têm tempo de parar e bloqueiam o corredor principal então isso não é bom para novos produtos para divulgar.
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A 2° modalidade, chamada experiência. Esses são os compradores que precisam mais do que apenas dicas visuais para tomar decisões de compra, eles usam os sentidos. São aquelas pessoas que cheiram o queijo, sacodem as caixas de cereal de cereal matinal para sentir o frescor e até mesmo a textura do piso muda a velocidade que eles andam pelo ponto de venda.
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A 3° modalidade, chamada consideração. São os que precisam de uma razão para comprar uma marca ou a outra: pode ser emocional, racional, uma ocasião especial. Eles precisam entender os diferenciais entre as marcas para tomar uma decisão.
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A 4°e 5° modalidade, são chamadas de pegar e ir embora. A 4° Não é exatamente fazer compras, é reabastecer. Você só precisa de outro pote daquele café ou outro pedaço daquele pão. É muito sobre reabastecimento e normalmente em um ambiente de supermercado são 60% das decisões - as pessoas querem uma maneira rápida e eficiente de comprar mais do mesmo, então elas precisam reconhecer o sinal das marcas. Pode ser uma cor, pode ser um logotipo...
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A 5° é simplesmente colocar produtos no carrinho por impulso. É quando você está andando pela loja e vê algo e coloca no carrinho. Isso pode representar de 15 a 20% do volume de compras.
Phillip diz que é importante analisar o ponto de venda e, especialmente a categoria que podem ter perfis diferentes de consumo.
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Muitas vezes você tem impulso de comprar uma cerveja e é diferente de comprar uma geladeira.
É diferente o impulso de comprar uma fralda ou ter impulso de comprar um shampoo, por exemplo.
Então essa avaliação dessas 5 modalidades varia, tem a variação ainda de acordo com a categoria de produtos.
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E aí, avançando aqui para próxima pergunta mergulhei mais nessa parte promocional de ofertas, de preços.
Perguntei sobre a psicologia das ofertas e o que ele poderia dizer a respeito disso. Ele começou a resposta dele, citando um estudo onde foram colocadas pessoas em ressonância magnética e mostradas promoções a elas. Eles notaram diferenças surpreendentes em quais partes do cérebro respondiam a cada tipo de promoção.
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Por exemplo:
-Se a oferta tem algo grátis, a parte mais primitiva o cérebro acende;
-Se é algo relacionado a preço, por exemplo, 3 por 3 dólares, o neocortex acende.
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Essa oportunidade assim, e as pessoas não querem perder isso.
Independente se isso é racional ou não, um outro aspeto é, é se a pessoa é submetida a uma oferta que de repente ela faz alguma comparação de preço, então. 3 por 3 USD 10 por 3 USD, né?
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O neocórtex, que é a nossa parte relacionada à raciocínio. Ela se acende porque a pessoa às vezes tem que fazer uma conta mental ali para realmente entender aquela oferta e aí é, qual que é a conclusão.
Conclusão: ofertas distintas tem diferentes necessidades.
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Ele analisou pessoas comprando latinhas de cerveja. Ele percebeu que uma gôndola com uma sinalização com uma faixa vendia muito mais do que as demais, praticamente o dobro das vendas. O que essa faixa tinha de diferente das demais concorrentes? Simplesmente a cor se destacava.
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O fato de você conseguir destacar o produto através de uma cor chamativa realmente é muito importante.
Dentro desse processo cognitivo ali na frente da gôndola, sabemos que o processo de tomada de decisão, ocorre em milissegundos. O simples fato de ter a cor ali que destaca, já é um diferencial.
Isso pode ser é utilizado na embalagem também.
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O mesmo ocorreu no mercado de cigarros na Russia e Turquia. Simplesmente colocaram uma tarja de 20 milimetros amarela no display da marca e aumentou as vendas em 150%. Não foi sobre a oferta, mas sobre o destaque.
Não foi a oferta em si, foi o destaque da oferta. O destaque do amarelo, no caso, provocou esse incremento de vendas.
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A gente que trabalha com bens de consumo há bastante tempo, sempre destaca a importância de sempre estar ativando.
As ofertas, as ações de sellout.
Conhecer os processos dos varejistas e como que eles podem destacar o seu produto na gôndola, isso é muito importante.
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E aí ele citou um outro estudo também, que é bem curioso. Um estudo com feijão era compre um e ganhe outro onde o ponto de venda estava sendo filmado. Observaram que 41% das pessoas pegavam somente 1 pacote! As pessoas não leem os anúncios, portanto os varejistas e as indústrias estão perdendo oportunidade.
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Isso mostra o quão rápido é o nosso processo de tomada decisão, que a gente realmente a gente não coloca muito esforço racional ali, porque se as pessoas minimamente lessem, tinham, existia uma oferta, compre, ganha, a pessoa não ia pegar um pacote, a pessoa pegaria 2 pacotes. Isso mostra novamente o quão irracional muitas vezes é o nosso processo.
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As pessoas literalmente não lêem os anúncios. Os varejistas muitas vezes perdem oportunidades quando eles não conseguem destacar a comunicação e ser entendido pelo cérebro.
É importante ser visualizado pelo ser humano que está ali na frente da gôndola e que tem as suas limitações biológicas.
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Tem diversas formas da gente entender essa parte da psicologia dos preços e melhorar isso.
E aí ele fecha a resposta desta pergunta mostrando um caso de um varejista que não estava conseguindo performar.
Tentaram de tudo enquanto seu concorrente estava tendo muito sucesso. Phillip percebeu que o problema estava no modo que eles estavam ancorando os preços na mente dos consumidores: ao invés de escrever o preço unitário, escrever o preço do pack da oferta.
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Pedi para ele dar alguns exemplos de empresas de serviços, mas acabou trazendo mais um monte de exemplos de empresas de produtos.
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Em um estudo colocaram um painel colorido roxo de uma marca líder de chocolate, a Cadbury, com a palavra leite. Isso faz o que chamamos em Psychology Prime Shoppers. Enquanto os shoppers circulavam pela loja eles não sabem que viam a palavra leite. Resumindo, as vendas de chocolate Cadbury aumentaram em 29%.
42:11
Ele contou um caso clássico da loja de vinhos. Nos dias em que tocavam música francesa as vendas de vinho francês, aumentaram 72% e nos dias em que tocam música alemã, as vendas de vinho alemão aumentaram 78%.
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Em alguns supermercados, mas eles tocaram música 6% mais devagar do que a velocidade normal. As pessoas gastaram em média 12% a mais em tempo na loja e 18% a mais em dólares.
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A gente não consegue conceber isso racionalmente. Isso é o poder do nosso inconsciente e a gente acha que a gente manda, o nosso racional manda em tudo.
Quando discutimos essas histórias, percebemos o quanto que é o nosso inconsciente efetivamente nos domina.
43:23
Outro case sobre revestimentos para pisos - estavam vendendo móveis para casa em uma área da loja, foram colocadas duas camadas de acolchoamento macio sob o carpete para que ficasse muito mais fofo nos pés. Durante o tempo que a marca que estava sendo exibida ao lado do piso macio, as vendas subiram 350 %!
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E ele ainda comentou que ao montar um packshot para refrigerante, se adicionar uma pessoa olhando/bebendo/segurando a lata, as vendas serão maiores, mas se colocar duas pessoas na foto, as vendas sobem ainda mais.
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Essas são algumas dicas de maneiras que podemos aumentar dramaticamente a eficiência de campanhas com pequenos ajustes.
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Então, que não é só sobre fazer o design, que é sobre entender como é que funciona a mente humana.
E aí, por final, perguntei para ele a respeito, né, dos conteúdos dele, de como que os nossos ouvintes podem ter acesso.
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Quem tiver interesse pode entrar em contato com ele nas redes sociais e ter acesso a mais conteúdo como esse.
Ele citou o LinkedIn, onde ele tem vários artigos: Phillip Adcock
E o site da empresa dele que tem um blog lá com diversos artigos também: https://www.adcocksolutions.com/blog
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Por final, ele faz uma provocação que faz muito sentido a todo o nosso trabalho aqui: de trazer ciência comportamental para os negócios, que é exatamente nossa proposta na Neuromarket!